quinta-feira, 8 de abril de 2010

SONHO

Ontem eu tive um sonho,
estava dormindo quando o telefone tocou com a voz da ilusão ao meu ouvido.
Taciturno, voltei a deitar-me entre os escombros e inebriado deixei-me conduzir...

Havia uma sensação de realidade dentro da própria realidade;
de anestesia frente aquela velha dor;
e foi tão bom.
Meus pés pisaram as areias da praia deserta e juntos corríamos novamente
sem ouvir das pessoas que desprezavam minha afeição perene...
e corremos de mãos dadas... e rimos... chegou a dar dores no ventre calado
de tanta alegria passageira que nos inundou...
Chegamos até um pasto de grama sintética realíssimo,
e deitamos jogados sem cócegas nem desconfortos até que houve noite e o céu - nosso céu -
encheu-se de estrelas curiosas.
Nos levantamos e descemos uma rua solitária, nossa presença trouxe certa vida ao lugar.
Eu olhava o horizonte e sentia no rosto um transbordante sorriso lateral
cuja certeza nao traz mais sensações de conforto.

Mas é tempo de enganação.
E no cair daquela noite acordamos cada um no seu mundo remoto...
Ao abrir os olhos daquele sonho desejável, vi a Deus que me olhava encarecido,
xinguei-o e mandei-o embora com sua misericórdia inútil diante de todos os meus sentimentos
e ressentimentos.
Odiei aquele mundo que eu havia construído dentro das minhas mais difíceis
lembranças...
E por tanto odiar, chorei.
Então, senti sua mão sobre o ombro, novamente me reanimando,
acordando meus sonhos indeléveis,
Virei-me e vi agora que me sorria aquele velho sorriso,
Abracei-o, e você me levou novamente para cama onde dormi eternamente em seus braços...

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Canteiros


Quando penso em você
Fecho os olhos de saudade
Tenho tido muita coisa
Menos a felicidade

Correm os meus dedos longos
Em versos tristes que invento
Nem aquilo a que me entrego
Já me dá contamento

Pode ser até manhã
Sendo claro, ou sendo dia
Mas nada do que me dizem me faz sentir alegria

Eu só queria ter do mato
Um gosto de framboesa
Pra correr entre os canteiros
E esconder minha tristeza

E eu ainda sou bem moço pra tanta tristeza...
E deixemos de coisa, cuidemos da vida
Senão chega a morte
Ou coisa parecida
E nos arrasta moço
Sem ter visto a vida...

Fagner!

domingo, 4 de abril de 2010

Solidão


Eu , sentado na rua deserta, espero o último ônibus da noite...
É o bonde dos solitários que se refestelam nos vidros semitransparentes olhando as ruas vazias de amores.
Neste meu momento em que não vale a pena pensar em você,
pego-me pensando nos nossos dias mais cálidos e saudosos... te odeio porque partistes
deixando para trás os mais belos dias da terra.Lembra-te do dia em que nos amávamos?
Eu lembro... e sinto.
Ouço sua voz ao fechar os olhos,
mas o ônibus chega, já nao vale tanto assim te querer por perto...