segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Mas adeus, eu não falo...

Te lembras do dia em que tua mão suave invadiu minha solidão
e tomados os sonhos velhos, logo colocou no lugar uma esperança miúda, mas viva?
Hoje, porque quero, vou lembrar de você...
Lembrar daqueles dias em que acordava ao seu lado, com o sol invadindo nossa intimidade feito criança curiosa a bisbilhotar nossa solidão amiga.
Lembro de um dia em que temia nunca saber quem eu era de fato, ai aprendi com você.
Lembro que meus sonhos eram de papel, em você construi castelos só para ver desmoronar depois, mas sabe.. valeu fazê-los...
São tantas lembranças, que vez em quando quero jogar todas fora, mas elas não são os quadros fáceis à mão postos à rua pelas janelas que criamos...
Estas lembranças ficam presas na parede, empoeiradas feito amargas recordações porque foram tão boas.
Agora, no meu momento de paz, elas resurgem intranquilas dentro deste meu coração cansado, mas esperançoso,
Retiram as defesas postas e me forçam a lembrar o dia que te vi passar na rua escura feito luz.
Hoje, então, porque quero, vou lembrar de você...
Mas vou lembrar que já não vale a pena ter na memória a face iluminada do seu rosto gentil e o som agressivo da sua mente audaciosa,
E que um me traz tormentos e o outro força, nesta ordem mesmo, é o bom provocando o ruim e o ruim, provocando o bom.
Levo na lembrança os dias somente, pois você, eu expulso um pouco mais cada dia, até não sobrar nada no fim...
Sua imagem apaga-se e fica uma névoa e um som distante daquilo que você foi,
Seu nome ressoa ao longe feito o navio que se vai do porto deixando para traz a paz vazia que sinto.
Mas faço festa no caiz, só para distrair os marujos que se aglomeram trazendo novas recordações e sonhos,
Visto a melhor roupa para a noite e finjo olhar para um e para outro, no entanto, é no horizonte que meus olhos se perdem e minha esperança ressuscista a cada dia.
Adeus eu não falo...